"Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as
pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas
– que elas vão sempre mudando..."
Guimarães Rosa, in Grande sertão: veredas
A educação é um tema sensível na sociedade brasileira e, desde 2020, quando se instalou a pandemia do Coronavírus, a pauta ganhou ainda mais relevância. Um cenário que já se mostrava extremamente desigual e com diferentes realidades em um Brasil de proporções continentais, foi marcado por desafios ainda maiores relacionados à aprendizagem de jovens e adolescentes.
Constatou-se, mais de dois anos após o início da pandemia, uma acentuação na desigualdade social que se desdobrou em diversas disparidades na educação. A maioria das escolas no Brasil ficou fechada durante grande parte do ano letivo de 2020 e alguns meses de 2021. De acordo com a UNESCO, estima-se que as escolas ficaram fechadas por mais de 40 semanas durante a crise pandêmica. Embora a educação online e outras formas de ensino a distância tenham despontado como resposta às limitações que o vírus impôs, as diferenças no acesso à internet, a habilidade dos responsáveis na casa de fornecer apoio às crianças, além das discrepâncias entre as redes escolares no que diz respeito à capacidade de implementarem respostas educacionais eficazes, resultou em uma maior defasagem educacional em alunos em situação de vulnerabilidade.
Dentre o grupo dos que sentiram maior impacto da pandemia no seu desenvolvimento de aprendizagem, estão aqueles em situação de acolhimento. Trata-se de crianças e adolescentes que, por medida de proteção, foram afastados de seus familiares e encaminhados para o Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes (SAICA). A maioria deles chega com traumas provocados pelos desafios que enfrentaram, como violência, uso de drogas entre familiares, abusos e fome. Entre os acolhidos, 81% têm entre 10 e 17 anos e 26% deles são analfabetos funcionais.
Diante desse cenário, como, então, tentar potencializar a inclusão social e educacional dessas crianças e adolescentes em um novo contexto, remoto e virtual?
O Instituto UNO desenvolve projetos com crianças e adolescentes, de 7 a 17 anos, em situação de acolhimento, e que apresentam defasagem importante em leitura, escrita e educação financeira. Promover a alegria, o bem-estar, a educação e o apoio afetivo para esse público é um dos principais compromissos do Instituto, que forma educadores que atuam como voluntários nos projetos do UNO. Eles são peças fundamentais, pois apoiam os acolhidos para que transformem sua própria realidade.
Com a chegada da pandemia e diante da impossibilidade dessas crianças e adolescentes frequentarem a escola e receberem de forma presencial a atenção dos voluntários, o Instituto UNO conseguiu transformar um antigo sonho em realidade: uma formação para os profissionais que trabalham nos SAICAs.
O Instituto acredita que uma Educação Integral, tanto de crianças como dos adultos que delas cuidam, tem como base o autoconhecimento e o desenvolvimento de competências socioemocionais. Temas como Empatia, Comunicação e Colaboração são trabalhados em ambientes seguros e positivos, capazes de provocar cada participante a refletir, de forma natural e sem pressão, sobre si próprio, suas práticas cotidianas e suas relações interpessoais.
Este movimento já está ampliando e qualificando ainda mais o impacto social que o instituto promove nas crianças e adolescentes, ao ajudar os profissionais dos Serviços em seus desafios de educação, além de potencializar os resultados de outros Projetos Sociais e iniciativas no âmbito da educação, como o próprio Programa “Quero Saber...”.
Em 2021, a formação foi realizada em 2 Serviços de Acolhimento, no SAICA Abecal Jabaquara e no SAICA Ipiranga Abecal, totalizando 39 profissionais participantes do programa. Em 2022, o Instituto UNO já replicou a formação em mais dois SAICAs: MAESP - Casa 1 e MAESP - Casa 2.
Educação é um processo em constante desenvolvimento. Ainda há muito que implementar e você pode fazer parte disso! O funcionamento do UNO depende de contribuições de pessoas físicas e jurídicas e, para expandir sua atuação, é necessário contar com novos doadores. Você se interessou em co-criar uma realidade diferente para essas crianças e adolescentes? Eles podem ter um futuro brilhante, se, juntos, mostrarmos a eles um caminho.
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